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terça-feira, 2 de junho de 2009

Trainees, modismo ou estratégia?


A cada ano, mais e mais empresas investem em Programas de Trainees, buscando trazer do mercado jovens talentos que alavanquem o aprimoramento da qualidade de seus recursos e acelerem processos de mudança organizacional. Mas será que realmente há essa consciência assumida e praticada em todas as organizações? Ou será mais um modismo e uma peça de marketing para suprir banco de dados? Mais do que um complexo processo de Recrutamento, Seleção e Treinamento, um programa de trainees deve se constituir numa visão estratégica da organização, alicerçada em planejamento, comunicação e eficazes mecanismos de captação, retenção e desenvolvimento dos talentos. Ao longo dos anos temos notado dificuldades constantes, por parte das empresas, para a manutenção dos trainees e até mesmo do referido programa. Dentre elas destacaria a não aceitação dos trainees pelo corpo de funcionários e a evasão desses talentos para o mercado (muitas vezes para o concorrente). Tais fatos convidam a uma reflexão: o programa foi claramente divulgado na organização? Houve uma definição do real papel desses jovens na estrutura? Há um consistente alinhamento desse programa à estratégia organizacional, com conseqüente envolvimento e comprometimento de todos os níveis? Causa perplexidade tanto investimento feito na captação (tanto financeiro, quanto em imagem) ir "por água abaixo", pela falta de aportes em desenvolvimento, acompanhamento e delineamento de carreira, denotando pouco preparo da organização para otimizar e absorver esses novos elementos potenciais. Na busca de originalidade, presencia-se processos seletivos extenuantes, na sua maioria compostos por "testes viciados", dinâmicas de grupo "sem sentido" e com total ausência de "feedback", segundo os próprios candidatos. Se este é um processo diferenciado, e é, tanto pelas características da população envolvida, como pelos objetivos e resultados esperados, requer atenção e cuidados especiais, exigindo criatividade, objetividade e consistência. Sem o entendimento do Programa Trainees como uma ferramenta estratégica de resultados para a organização, teremos, tão somente, mais um investimento inócuo, com desgastes para a imagem da organização no mercado, já que no ambiente universitário os “Programas Trainees” de algumas empresas já são mal vistos. Portanto, fica um alerta às empresas para, antes de optarem por "estar na moda" e adotar um programa dessa envergadura, reflitam se têm cultura, recursos e competência organizacional para gerir a carreira desses jovens talentos. Afinal, todo processo precisa ter começo, meio e fim.


Por Nielce Camillo Filetti é psicóloga e consultora com especialização em desenvolvimento organizacional, diretora de Gestão de Pessoas da GBR - Gilbarco do Brasil S/A Equipamentos

Fonte: www.vocesa.abril.uol.com.br

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